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➞ Sentes que há muito mais na vida para além de uma profissão, uma formação académica, um único caminho.

➞ Gostas de mil e umas coisas, todas distintas entre si, e aqueles que te rodeiam não te percebem.

➞ Dominas mais do que um assunto e encontras prazer quando consegues combinar todos os teus interesses.

Se te identificaste com algumas destas afirmações, é bem possível que sejas um multipotencial. Ou um especialista generalizado. Ou um polímata!

Se analisarmos a nossa educação e a sociedade em que estamos inseridos, existe uma enorme pressão para seguir um caminho especializado.

Na escola, deves escolher a tua vocação para poderes avançar para um curso académico e posteriormente entrar no mercado de trabalho.

Nas tuas escolhas profissionais, espera-se que tenhas uma carreira dentro de uma área na qual te especializas ao longo da vida, até seres o guru daquele tema.

A própria Revolução Industrial traçou o caminho da hiperespecialização, no pressuposto de que, quanto mais profunda a especialização e o conhecimento numa área, mais facilmente se encontra um emprego. 

E não tem nada de mal. Podes escolher ser um especialista em determinada área.

Mas se não te sentes confortável com essa decisão, então deves procurar seguir o teu caminho e construir a tua vida à medida dos teus interesses.

E não é por isso que passas a ser um ET na sociedade, de todo!

Existem por aí muitas mais pessoas como tu: que gostam de aprender coisas novas sem qualquer relação entre si, que têm várias experiências profissionais ao longo do seu percurso e que estão envolvidas em tantos projetos, tão distintos, quanto a sua paixão e disponibilidade permite.

Não estás sozinho de todo, e para comprovar isso mesmo, trago-te alguns conceitos que te podem ajudar a posicionar neste paradigma diferente de encarar a vida.

O perfil do Multipotencial

Multipotencialidade é um termo educacional e psicológico que se refere às pessoas que têm propensão para desenvolver interesses em áreas distintas, em vez de se focarem apenas numa.

Multipotencialidade é a capacidade de selecionar e desenvolver qualquer número de opções de carreira por causa de uma grande variedade de interesses, aptidões e habilidades.

Frederickson & Rothney, 1972

No livro “Refuse to Choose!” a autora Barbara Sher fala do que é ser um multipotencial (designando estes como scanners), de como podes não ser um multipotencial e ainda como podes aprender a utilizar todos os teus interesses, paixões e hobbies para construir a vida e a carreira dos teus sonhos.

Refere como principais características de um multipotencial:

  • Curiosidade: uma curiosidade intensa acerca de vários assuntos não relacionados;
  • Espírito inquisitivo: procuram saber um pouco de tudo, mas não especializando sobre cada tema, pois isso significaria desistir de tudo o resto;
  • Inquietação: após a dedicação a um tema ou projeto e passada a fase de novidade, movem-se para explorar outra descoberta.

Emilie Wapnick, inspirada por Barbara Sher, desmistifica na talk Why some of us don’t have one true calling o que é ser multipotencial e partilha o seu caminho de autodescoberta.

Fala sobre a dificuldade em perceber qual era a sua vocação, a ansiedade por andar sempre a saltar de projeto em projeto e o sentimento de que algo estava errado consigo própria por querer muitas coisas e não conseguir identificar um propósito para a sua vida.

Após descobrir o conceito de multipotencialidade, Emilie identificou os 3 super poderes dos multipotenciais:

  1. Síntese de ideias – a capacidade de combinar um ou mais temas, ainda que improváveis, permite a criação de algo novo na interseção, gerando algo útil e inovador;
  2. Aprendizagem rápida – quando o multipotencial se interessa por um tema, procura saber tudo acerca do mesmo e aprende rapidamente, pois consegue transferir muitas das suas capacidades entre áreas. Este tipo de pessoa tem uma energia de iniciação, ou seja, tem facilidade em começar algo novo, mesmo que seja fora da sua zona de conforto.
  3. Adaptabilidade – a capacidade de assumir diversos papéis em diferentes contextos, ou seja, de te transformares e seres flexível para responder às necessidades que existem em determinado ambiente em que te inseres.

Qualquer uma das autoras defende que o mais importante neste caminho de descoberta é perceberes quem tu realmente és e aceitares-te tal como a tua natureza se te apresenta.

Se és especialista, especializa-te.

Se não sentes esse chamado, assume esta possibilidade de seres um multipotencial e começa a viver indo ao encontro daquilo que te move.

Especialista Generalizado

Os multipotenciais encaram o ser especialista como uma limitação pois bloqueia a possibilidade de explorar novos temas.

Por este motivo, o mercado tem a tendência para vê-los como generalistas e isto tem uma conotação negativa.

O generalista costuma ser alguém que se dedica a mil e uma coisas sem tão pouco se dedicar verdadeiramente a nada, sem aprofundar, e por isso perde facilmente o foco e não alcança resultados.

É neste paradigma que Tim Ferriss apresenta o conceito de especialista generalizado na perspetiva de ser importante e valioso explorar vários assuntos, desde que seja com estratégia.

Ser um generalista especializado consiste em combinar competências improváveis, explorando habilidades que raramente se juntam, mas que se revelam valiosas no resultado da sua interseção.

Por exemplo, um financeiro pode ser um excelente orador e transmitir os seus conhecimentos e experiências para combater a iliteracia financeira.

Uma jornalista amante de viagens, pode utilizar as suas competências de escrita para dar a conhecer o mundo às pessoas que não podem viajar.

Combinar competências improváveis é uma vantagem competitiva no mercado de trabalho.

No fundo:

  • opta por ser especialista se, de facto, tens interesse, paixão e vontade de te especializar naquele assunto para seres um expert;
  • opta por ser um especialista generalizado se gostas de explorar diversos assuntos, com algum nível de profundidade, conseguindo combinar diferentes competências para te tornares diferenciador.

Polímata

Um polímata é uma pessoa que tem conhecimentos profundos sobre várias ciências.

Este conceito teve origem na mentalidade renascentista, que defendia que se devia ser especialista em mais do que uma área de conhecimento.

Foi o caso de Leonardo da Vinci, por exemplo, que se destacou da ciência à pintura através das suas invenções.

Ser um perito em vários domínios do conhecimento humano vai ao encontro dos conceitos anteriores – multipotencial e especialista generalizado – e contraria a tendência que se instalou desde a Revolução Industrial, segundo a qual se promove a especialização em vez da generalização.

Elói Figueiredo apresenta os polímatas do séc. XXI como “Um ser com conhecimento profundo numa área e capaz de interligar conhecimentos transversais de outras.”

Porque deves investir na diversidade de conhecimentos

Quer sejas multipotencial, especialista generalizado ou polímata, as tuas capacidades permitem-te explorar diferentes tipos de conhecimentos e ter interesse por coisas novas.

E isto é altamente diferenciador nos dias de hoje.

Quer seja em termos de gestão de carreira, quer seja numa jornada de empreendedorismo.

Se refletirmos sobre as tendências do mercado de trabalho, a geração millennial já se destaca por esta necessidade intrínseca de novas aprendizagens e mudança rápida de projetos.

O trabalho para toda a vida não é um conceito que os fascine, daí que se esteja a assistir a uma revolução na gestão de recursos humanos, geracional e digital.

Uma revolução que aponta para uma vida de carreiras múltiplas, ao invés de uma carreira única e linear, ou uma carreira feita de projetos, ao invés de uma profissão.

Elói Figueiredo apresenta uma ideia muito interessante neste artigo:

«Assim, o profissional do séc. XXI deverá ter uma formação em forma de T, onde a barra vertical representa o conhecimento numa área específica (ex. engenharia civil) e a barra horizontal figura o conhecimento transversal noutras áreas de intervenção (ex. mecânica, eletrotécnica, ciência computacional, gestão e comunicação).

Quanto maior a barra vertical, mais profundo é o conhecimento na área da engenharia civil.

Por outro lado, quanto maior a barra horizontal, maior o conhecimento generalista e a habilidade de o profissional relacionar-se com outras áreas do saber, fomentando assim a criatividade individual, a inovação e o sucesso profissional.»

Elói Figueiredo

Em relação ao empreendedorismo, a aposta em diferentes interesses e conhecimentos é valiosa para a construção de um projeto pessoal ou profissional que vá ao encontro da realização que procuras.

Vê o exemplo da Marie Forleo que decidiu adotar o termo “Multipassionate Entrepreneur” porque não sentia encaixar-se nos paradigmas tradicionais face à multiplicidade de interesses que tem.

É um excelente exemplo de uma pessoa que arregaçou as mangas para criar a vida que quer e que inspira os outros a fazer o mesmo.

After several failed attempts at corporate jobs and a lot of angst trying to choose just one thing to be in life, I realized that my unusual combination of interests and skills was a strength, not a liability.

Marie Forleo

Em resumo:

Depois de teres clareza sobre quem és e aquilo que te traz realização, podes começar a construir a tua vida de acordo com estes novos insights.

Escolher projetos diferentes, não vai ser uma dor de cabeça.

Revelar aos que te são próximos, o diferencial de interesses que tens, deixa de ser algo confuso.

Saberes que existe um lugar para ti, tal como és, vai trazer-te uma sensação de pertença importante para avançares com as tuas ideias.

E pode ainda dizer-se que estás muito à frente de outros, porque a tendência do futuro é precisamente apostar na diversidade de conhecimentos e interesses 😉

Seguimos juntos!

Créditos da imagem: Jess Bailey on Unsplash
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