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Esta entrevista faz parte da rubrica Segundas de Inspiração,
que conta com convidados que têm percursos profissionais inspiradores
para te motivar a tirar da gaveta as tuas ideias e projetos.

Nome: Joana Feliciano

O que fazes profissionalmente?

Trabalho a tempo inteiro enquanto Responsável de Comunicação e Marketing da Portugal com ACNUR (Agência da ONU para os Refugiados) e sou formadora freelancer nas áreas de empreendedorismo social, voluntariado, comunicação, marketing e impacto social – atualmente na Organização Não Governamental  WACT – We Are Changing Together através da qual leciono módulos na NOVA School of Business (NOVA SBE) e em formações à distância.

Quem és tu além daquilo que fazes?

Nasci no dia que mais me assenta e o celebro todos os dias – 10 de Dezembro, “Dia Internacional dos Direitos Humanos” no ano de 1991. Cresci dentro da natureza e numa família modesta na aldeia de Vila Nova no concelho de Tomar. O meu espírito desassossegado e uns quantos bichos carpinteiros já me levaram nos últimos anos a viver por diferentes períodos de tempo e por diferentes experiências e fase de vida em Istambul, São Tomé e Príncipe e Lisboa.

Sou uma Sonhadora Praticante que age com o coração e cérebro alinhados. As problemáticas do mundo inquietam-me fundei projetos de empreendedorismo social, sou voluntária em organizações do Terceiro Setor e tenho experiência em missões internacionais (i.e. África, Médio Oriente e Europa).

Acredito na colaboração como forma de fazer evoluir as pessoas, as comunidades e o mundo. Por esse motivo abraço missões sociais e considero-me uma ativista voluntária nas áreas dos Direitos Humanos, Igualdade de Género, Refugiados, pessoas em situação de sem abrigo e outras em contextos vulneráveis.

Sou licenciada em Relações Internacionais (Universidade de Lisboa e Fatïh University – Istambul), Mestre em Marketing e Pós-Graduada em Gestão de Marketing, Comunicação e Multimédia (ISEG). Tenho mais de 10 anos de experiência enquanto profissional de Marketing & Comunicação dentro de empresas multinacionais desde as Tecnologias de Informação, Retalho, Recursos Humanos, Hotelaria, Turismo, ao Imobiliário, e em Associações sem fins lucrativos.

Para além disso sou formadora e mentora em projetos de empreendedorismo social; fundadora e dirigente de organizações do terceiro setor. Atual responsável de Comunicação e Marketing na Portugal com ACNUR.

Conta-nos sobre o(s) teu(s) projeto(s) em paralelo.

Apesar de ser em regime de voluntariado faço a um nível que considero profissional pelas competências que aplico e as horas diárias ao longo do ano:

  • Sou mentora nas áreas do desenvolvimento pessoal e profissional e em projetos de empreendedorismo social – no passado fui mentora convidada no programa “Mentoring the future” da HeForShe Lisboa, no clube Women in Business da NOVA SBE e atualmente no Programa Sonhadores Praticantes da Solo Adventures versão São Tomé;
  • Presidente e Coordenadora geral da Associação Solo Adventures onde giro cerca de 40 pessoas voluntárias à distância (Portugal, Brasil e outras países) e vários projetos sociais;
  • Membro da Assembleia Geral da WACT por onde passei por várias funções em regime de voluntariado desde 2014;
  • Faço alguns trabalhos freelancers ou voluntários pontuais enquanto facilitadora de grupos, apresentadora/dinamizadora em eventos e formações, consultoria , etc.

Como surgiu a vontade de criar uma Associação?

Sempre me revi numa missão de cariz social e não lucrativo, porque assim o espaço para egos fica mais limitado e o trabalho em equipa com vista ao bem comum é privilegiado.

Lembro-me de em 2018 estar com alguns amigos próximos na cozinha da minha antiga casa minúscula arrendada em Lisboa, a fazer desenhos imaginários na porta enquanto tentava acompanhar a minha própria explicação de uma comunidade de Sonhadores Praticantes, com três pilares – pessoas, projetos, partilha.

Foi esta ideia e projeto inicial que deu depois origem e à formalização da Associação em 2019 enquanto organização sem fins lucrativos. Fez-me todo sentido a mim e a quem se juntou à missão a de criar um Hub de Desenvolvimento Humano em português.

Atualmente existe uma rede extensa de mentores, coaches e projetos focados na felicidade e no bem-estar (ainda bem!), mas também existe um desgaste das palavras “propósito”, “autoconhecimento” e “desenvolvimento pessoal” aliado muitas vezes a várias personagens e ideias pouco fundamentadas que vão surgindo e que baseiam-se em poucos factos, descurando as ciências como a Psicologia e/ou outras áreas de estudo como a Filosofia – o que pode descredibilizar o trabalho formal e de seriedade que muitas pessoas e Organizações fazem.

Também observo muitas vezes intitulados “gurus” e movimentos de “culto” que acabam por ser uma caixa de ressonância de citações, frases feitas e teorias de outras personalidades a quem não dão os devidos créditos o que pessoalmente me frusta porque ninguém está propriamente a inventar a roda…mas custa-me ver tantos umbigos inchados a faturar desmedidamente das vulnerabilidades de quem se aproxima.

Facto é que quando iniciámos o nosso trabalho em 2018 a oferta não era muita na área do Desenvolvimento Humano em Portugal, mas nós temos sabido adaptarmo-nos às evoluções dos tempos e alimentamos uma consciência crítica dentro da Solo Adventures.

Algo que nos distingue e várias pessoas mencionam-no quando entram em contacto connosco pela primeira vez é que não conheciam nenhuma Associação que se focasse especificamente nestas áreas do desenvolvimento pessoal/profissional, saúde mental e bem-estar, já que a maioria das entidades que conhecem são empresas ou marcas em nome próprio de empreendedores. Encaro a nossa missão social como uma caixa de ferramentas onde cada pessoa pode escolher qual o projeto e iniciativa que lhe faz mais sentido para desenvolver-se enquanto pessoa, colega e cidadão. Criamos também uma ponte de networking que fomenta a comunidade de pessoas e profissionais que se interessam e/ou trabalham nestas áreas para que na partilha se encontre um bem maior.

Dirigir uma Associação em paralelo com trabalho a tempo inteiro: quais os principais desafios?

O principal desafio é o de auto e hétero sacrifício, o que quero dizer é que se tem de estar disposto a abdicar de muito do nosso tempo pessoal lúdico/livre e termos pessoas no nosso círculo de amizades e familiar que nos apoie e compreenda. São horas de almoço, horas depois do meu trabalho full time, fins de semana atrás de um computador a dar seguimento a tarefas, a acompanhar a equipa, a ir presencialmente com o material necessário para os eventos, etc.

Outro desafio podia ser a gestão de tempo e prioridades, mas como sempre fui uma pessoa bastante ativa com mil projetos a acontecer tenho aperfeiçoado ao longo dos anos. Algo que ajuda a essa gestão é a proatividade e fugir da procrastinação ou falta de vontade para fazer. O meu “eu” acaba por estar sempre muito ligado ao racional e ao modo ‘fazer’ por isso habituei-me a não gostar de ser “preguiçosa” a achar que “o que tem de ser tem muita força” e ao longo dos anos também tenho colocado em prática estratégias para ir desenvolvendo o meu autocuidado tendo equilíbrio pessoal versus profissional – através de terapia com uma psicóloga, tempo para atividades que me dão gosto e motivam (e.g. piano, badminton, viagens, ler, cinema, desenhar, etc).

Alguma vez pensaste em transformar a Associação num projeto a tempo inteiro?

Sim, mas nunca me vi a trabalhar full time remunerada para a Associação porque gosto da missão solidária e de ter um papel comprometido, responsável, mas em regime de voluntariado podendo assim contribuir para o crescimento pessoal e profissional de mais pessoas que abracem a causa. Também tendo outras esferas profissionais isso possibilita-me a fazer pontes entre contactos quando oportuno. A Associação tem-me permitido testar muitas ferramentas, ideias e projetos que depois levo as boas práticas e lições aprendidas para os trabalhos remunerados que tenho tido ao longo do meu percurso. Gostava sim de um dia no futuro próximo de termos colaboradores remunerados a full-time, em vez dos pontuais serviços/colaborações indo assim para além do voluntariado. Só assim também se consegue crescer de forma mais acentuada, apesar de termos uma equipa de cerca de 40 pessoas bastante comprometidas que têm um envolvimento quase diário para fazer acontecer os vários eventos, conteúdo e outras iniciativas da Solo Adventures.

Que conselhos darias a quem quer criar o seu projeto?

  • Escolhe uma missão que realmente te apaixone e cuja solução que queres trazer para o mundo te inquiete porque só assim vais manter a automotivação até nos momentos mais desafiantes. Se for algo que levas com uma das tuas missões de vida a tua proatividade e foco vão sem dúvida ser mais facilmente direcionados para o seu sucesso.
  • Não tenhas receio de testar e se for necessário assumir que os resultados não foram os expectáveis trazendo espaço para o erro e humildade ao processo.
  • Não te esqueças de ir celebrando as pequenas conquistas – para ti e as conquistas da equipa envolvida (ninguém faz realmente nada sozinho) porque todas somadas vão-te ajudar a retirar lições do que correu bem e alimentam a tua motivação e experiência para continuar e desenvolver o teu projeto da forma mais eficiente.

Podes saber mais acerca da Joana e do seu percurso através do seu website.

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