Esta entrevista faz parte da rubrica quinzenal: Segundas de Inspiração.
Histórias de quem trocou o certo pelo incerto
e de quem seguiu percursos profissionais diferentes dos convencionais.
Espero que te inspire.
Nome: Diana Chiu Baptista
O que fazes?
A nível profissional, dedico-me à Macro Viagens, uma agência digital de viagens de autor um pouco diferente do convencional e especializada na Índia. Levamos pessoas a viajar de forma mais profunda, compassiva e espiritual para o Oriente em viagens de grupo não turísticas, através de tours e peregrinações Budistas.
Também preparamos viagens à medida dentro destes valores para quem não quer viajar em grupo. A Macro Viagens é uma agência vegetariana que abri em 2017 com o meu marido Igor, que para além de tudo o que mencionei está comprometida com uma política de turismo responsável certificada pela BIOSPHERE Responsible Tourism.
Quem és tu além daquilo que fazes?
Considero-me estudante do caminho espiritual preconizado por Buda que tento praticar e que espero conseguir ter a motivação necessária para aprofundar. Posso também dizer que que sou natural do Porto, onde vivi até me mudar para o Alentejo profundo, há cerca de dois anos. Sou casada com o Igor e da nossa família faz parte o Américo (o nosso cão).
Tive o primeiro contacto com o Budismo na Tailândia em 2009, mas só em 2019 me comprometi de forma mais profunda. Gosto de viajar, mas também da vida pacata do campo, do silêncio, de estar mais em contacto profundo com os animais, com os ritmos da natureza, com as pessoas que ainda vivem em comunidade.
O que deixaste na tua vida profissional passada?
Deixei um trabalho que não estava em sintonia com os meus interesses e visão, que também se foi alterando ao longo do tempo… Basicamente penso que foi isso. Mas foi esse trabalho que me permitiu ter hoje uma vida mais alinhada com o meu interior.
Como percebeste que querias deixar o trabalho por conta de outrem?
Sempre fui empreendedora, tive outros projetos antes destes, noutras áreas. Só ainda não tinha encontrado uma forma sustentável de tornar os meus interesses e forma de ver a vida num meio de subsistência.
Quanto tempo até dares o salto?
Em janeiro 2017 decidi despedir-me da empresa onde estava há 10 anos, mas na altura já tinha outro negócio próprio que me permitia alguma segurança financeira. Depois lancei uma viagem à Índia em abril desse ano para leitores de um blog que tinha na altura e correu tão bem que em agosto tinha a agência de viagens a operar. Não foi nada planeado… aconteceu tudo muito rapidamente. Com o Monte do Almo foi um pouco assim também.
Com que idade fizeste essa mudança?
Deixei esse trabalho aos 36 anos para abrir a Macro Viagens. Penso que foi no momento certo.
Que desafios tiveste de ultrapassar para, hoje, poderes fazer aquilo que gostas?
O principal foi descobrir aquilo que queria fazer profissionalmente que aliasse sustentabilidade financeira a realização pessoal (ou seja a desenvolver uma atividade alinhada com os meus interesses e valores). Isso não era muito claro. Sabia o que não queria fazer, sabia o que gostava de fazer a nível pessoal, mas aliar as duas coisas de forma sustentável penso foi um processo de vários anos – ainda que na maioria do tempo inconsciente. O primeiro “click” foi em 2009 na primeira viagem que fiz à Ásia quando me deparei na Tailândia com um livro de ensinamentos Budistas que falava na importância de ter um meio de subsistência ético. Daí até 2017, quando me despedi e abri com o Igor a Macro Viagens, passaram 8 anos, foi um longo caminho…
O que terias feito diferente?
Não teria feito nada de diferente e por oposição teria feito tudo diferente. 🙂
Um conselho para quem está insatisfeito com a sua vida profissional e quer dar o salto.
Tentar descobrir uma fórmula que tenha como resultado uma atividade que o realiza e que seja benéfica para os outros, que ao ao mesmo tempo seja também sustentável (a todos os níveis, incluindo financeiramente). Para isso é preciso refletir bastante.
Por oposição, pode ser necessário trazer à mente que é possível obter realização interior em qualquer tipo de trabalho.
Uma ideia ou um sonho que gostasses de tirar da gaveta.
Conseguir uma motivação cada vez mais estável para me dedicar com maior compromisso ao caminho espiritual (Dharma). É esse o meu “sonho”.