O que tem o Design Thinking a ver com a criação de projetos pessoais?
Tudo!
Em dezembro assisti a um workshop sobre Design Thinking facilitado pela Dina Oliveira.
Sempre tive curiosidade em relação a este tema, mas não sabia que iria identificar-me tanto com a metodologia face a tudo aquilo que tenho aprendido com a criação de projetos pessoais.
E afinal: o que é o Design Thinking?
Design thinking é “uma forma de resolver problemas, desenvolver produtos e pensar projetos baseada no processo cognitivo que os designers usam.”
Simples, assim ?
Segundo especialistas a origem do Design Thinking remonta ao ano de 1919 com a fundação da escola de design alemã Bauhaus que terá estabelecido muitas das dinâmicas ainda hoje associadas a esta metodologia, como o trabalho em equipa, a eliminação de hierarquias no processo de inovação e a abordagem ao projeto com base nas necessidades humanas.
Mas foi apenas em 1991 que o conceito ganhou popularidade com David Kelley e Tim Brown, fundadores da IDEO, uma empresa dedicada ao design e à inovação como forma de criar um impacto positivo no mundo.
O método é sobretudo utilizado por empresas para gerar maior inovação na criação de produtos e serviços, agilizando a resolução de problemas e sempre com muito foco nas necessidades do cliente final.
Criatividade, multidisciplinaridade e trabalho colaborativo são aspetos fundamentais na metodologia de Design Thinking.
Assim à primeira vista, nunca me lembraria de associar este método à criação de projetos pessoais, mas a verdade é que ao ouvir a Dina Oliveira a falar sobre a importância do mindset e a percorrer as 5 etapas do processo de Design Thinking, percebi que têm tudo a ver!
Os pilares de Mindset
Na base da aplicação do Design Thinking encontra-se um mindset assente em 7 pilares que refletem a ideia de que grandes problemas exigem soluções inovadoras e impactantes.
Esses pilares são:
- Confiança criativa: acreditar que todos temos uma centelha de criatividade dentro de nós. A criatividade não se traduz apenas nas capacidades de pintura, escrita, música, etc.; é antes uma forma de abordar e compreender o mundo que permite solucionar os vários desafios e obstáculos que surgem com perspetivas diferentes.
Sobre este tema sugiro veres a TedTalk do David Kelley, fundado da IDEO: How to build your creative confidence.
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- Empatia: a capacidade de nos colocarmos no papel do outro, entender as suas necessidades, os seus comportamentos, as suas dores e como ajudar a resolver os seus problemas através das suas perspetivas.
- Ambiguidade: saber lidar com o desconforto de não saber as respostas, com a incerteza de como solucionar os problemas, e permitir manter uma mente aberta para encontrar alternativas e diferentes possibilidades, confiando no processo.
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- Fazer Acontecer: significa, basicamente, “pôr as mãos na massa”. Se as soluções ficarem apenas na cabeça nada vai acontecer e mudar no mundo. É preciso transformar as ideias em realidade.
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- Cultura do erro: aceitar que o fracasso faz parte do processo estimula a ação tentativa-erro e é uma excelente ferramenta de aprendizagem.
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- Iterar: é necessário ir iterando, ajustando e fazendo pequenas melhorias para surgirem novas ideias e experimentar várias abordagens. Enquanto se faz-erra-aprende-faz de novo estamos sempre a avançar.
- Otimismo: é fundamental encarar o processo com otimismo para manter a persistência e ser resiliente na procura de soluções. Acreditar que é possível.
Nota que, ao sugerir os artigos que já escrevi sobre alguns destes temas, estou a realçar a importância dos mesmos na jornada de criar um projeto próprio ou de fazer uma mudança pessoal.
Ser criativo para solucionar os desafios que surgem, saber lidar com a incerteza, estar disposto a sair da zona de conforto, adotar uma atitude de tentativa-erro e passar à ação têm sido temas muito presentes nos artigos que escrevo.
Não é fantástica esta associação? ?
As 5 etapas do Design Thinking
O processo de design thinking consiste em 5 etapas:
- Empatia: nesta etapa procura-se conhecer as necessidades, dores e desejos do consumidor / cliente para poder encontrar as soluções mais ajustadas ao que procura;
- Definição: com base nas descobertas feitas na etapa de empatia é preciso fazer uma triagem para selecionar os problemas prioritários e focar nos que devem ser solucionados primeiro;
- Ideação: o objetivo nesta fase é gerar ideias, de forma divergente e convergente. Para isso é importante que seja promovido um ambiente aberto, participativo, sem julgamento e disruptivo.
- Prototipagem: é a fase de fazer acontecer. Testar protótipos (soluções, materiais, recursos, …), estar disponível para o erro, aprendizagens e voltar a testar, gerando novas ideias e/ou melhorando as já identificadas.
- Teste: nesta etapa envolve-se o utilizador final focando em recolher feedback para fazer os ajustes necessários aos protótipos desenvolvidos (melhorias ou correções necessárias), de forma a chegar ao produto / serviço final.
E assim, associando ao artigo que escrevi em tempos – Como transformar uma ideia num projeto – estas etapas podem fazer um match perfeito com as etapas de criação de um projeto na sua fase inicial:
- Empatia -> Análise Pessoal
Enquanto que no Design Thinking aprende-se tudo sobre a pessoa que queremos ajudar, através de um produto ou serviço, no caso de um projeto pessoal, essa pessoa somos nós!
Conhecermos as nossas verdadeiras necessidades, os nossos valores, as dores que estamos a tentar apaziguar e os desejos que temos é fundamental para criar um projeto alinhado connosco.
- Definição e Ideação -> Estratégia
No Design Thinking identificam-se os problemas a solucionar, quais são as prioridades e promove-se um exercício de brainstorming para chegar a possíveis soluções para os problemas.
Identifico estas etapas na fase de Estratégia na criação do projeto.
Numa primeira parte definem-se os principais aspetos que precisamos de conhecer para tornar o nosso projeto viável (com quem queremos trabalhar, em que nicho, quais as necessidades do mercado, quem é a nossa concorrência, quem nos pode inspirar, qual é a nossa proposta de valor e qual a identidade que queremos para a nossa marca).
Exploramos os principais desafios que temos pela frente e geram-se ideias de como tornar o projeto concretizável.
E aqui reside, claro, uma diferença.
Nem sempre é possível fazer um trabalho de ideação colaborativo.
Mas procurar apoio de pessoas que nos rodeiam, ou comunidades com interesses semelhantes, que nos possam dar feedback e trocar ideias é valioso para avançarmos.
- Prototipagem e teste -> Ação
Claro que, se depois de todo aquele trabalho não fizeres nenhuma experiência concreta, é tempo perdido, certo?
É importante testar tudo aquilo que estás a idealizar, mesmo que com pequenas ações, junto de amigos ou familiares, para poder fazer ajustes e melhorias à medida que vais implementando o projeto e assim ir recolhendo feedback e ajustando o que for necessário de forma rápida e eficaz.
Partilha comigo nos comentários: já tinhas ouvido falar sobre esta metodologia?
Seguimos juntos!
Créditos da imagem: Foto de Pavel Danilyuk no Pexels