No último artigo falei-te sobre a importância de sair da nossa zona de conforto e sugeri três estratégias para ganhares confiança no processo.

Disse-te também que sair da zona de conforto e estar disposto a entrar numa zona de desafio, implica adotar uma mentalidade de crescimento. E é sobre este conceito que te quero falar hoje 😊

Carol Dweck, uma das principais investigadoras mundiais nos campos da personalidade, psicologia social e psicologia do desenvolvimento, desenvolveu no seu livro “Mindset – A Atitude Mental para o Sucesso” a ideia inovadora de que é possível aumentar a capacidade do nosso cérebro para aprender e resolver problemas.

Por outras palavras, é possível ter uma mentalidade de crescimento, por oposição a uma mentalidade fixa, sendo que apenas uma delas conduz ao sucesso.

Para a investigadora existem dois tipos de atitudes mentais perante um desafio:

Mentalidade fixa (fixed mindset) – o indivíduo acredita que as suas qualidades são imutáveis, traços fixos da sua personalidade, e desenvolve a necessidade constante de provar a si mesmo o seu valor.

Isto significa que cada situação passa por uma avaliação:

  • “Vou ter sucesso ou vou fracassar?”
  • “Vou ser aceite ou vou sofrer mais uma rejeição?”

O indivíduo com uma mentalidade fixa tem dificuldade em lidar com desafios, foge do fracasso e foca-se nos resultados.

Mentalidade de crescimento (growth mindset) – o indivíduo acredita que é possível desenvolver as suas habilidades através do esforço e da aprendizagem.

Um desafio é encarado como uma oportunidade para o crescimento, o erro faz parte da aprendizagem e o foco é colocado no processo.

Adaptado do gráfico de Nigel Holmes

A importância das crenças

Na origem de qualquer uma destas mentalidades está um sistema de crenças, limitadoras ou possibilitadoras, que influenciam a atitude mental que temos perante os desafios.

São os nossos pensamentos, enraizados na nossa personalidade, que vão determinar os nossos comportamentos e ações, e em última análise os nossos resultados.

Vou dar-te um exemplo para perceberes melhor.

Eu considero-me uma pessoa introvertida e não gosto de ser o centro das atenções.

Imaginemos que recebia um convite para fazer uma talk sobre os temas que abordo no blogue.

O primeiro momento seria de entusiasmo, por estar a ser reconhecida pelo meu contributo. O segundo momento seria de pânico por pensar que teria de falar para um grupo de pessoas e ser o centro das atenções.

Tenho então duas possibilidades:

  1. Encaro o convite como uma excelente oportunidade para me desafiar a sair da minha zona de conforto, para crescer e para transmitir a minha mensagem, abraçando a vulnerabilidade que isso me traz;
  2. Deixo-me envolver pela dúvida, pela ansiedade e pelo medo, com o pensamento de “eu não sou capaz” e rejeito o convite.

No primeiro cenário estamos perante uma mentalidade de crescimento.

Eu sei que vai ser difícil, sei que existe a possibilidade de falhar, mas as consequências de não tentar e ficar no meu cantinho confortável, são piores do que desafiar-me a fazer algo novo e poder ter uma experiência de desenvolvimento pessoal.

No segundo cenário estamos perante uma mentalidade fixa.

Eu considero que os meus traços de personalidade ditam as minhas escolhas e “congelo” num estado de negação e de incapacidade em acreditar que posso fazer diferente daquilo que fiz até agora.

A minha crença “eu não sou capaz” é altamente limitadora e condiciona as minhas ações, não me permitindo arriscar e testar novas possibilidades.

A magia das crenças reside na possibilidade de transformar a limitação em possibilidade.

(Des)Construir Mentalidades: o poder do “ainda”

A investigadora Carol Dweck na Ted Talk “The power of believing that you can improve” fala sobre um estudo realizado com crianças, no qual foi identificado que algumas encaravam os desafios de forma otimista e como oportunidade de aprendizagem, enquanto que outras paralisavam perante a hipótese do erro.

Atividade cerebral em indivíduos com mentalidade de crescimento e mentalidade fixa.

No primeiro caso, a atividade cerebral aumentava muitíssimo perante a resolução do problema. Os alunos entendiam o erro, abraçavam-no como possibilidade de aprendizagem e corrigiam-no.

Enquanto que no segundo caso a atividade cerebral era praticamente nula. Os alunos com mentalidade fixa fugiam do erro e não acreditavam que valia sequer o esforço em tentar.

Dweck identificou que a palavra “ainda” é uma ferramenta poderosa para alterar a nossa mentalidade.

“Ainda” coloca o foco no processo em vez do resultado.

Olhar para o processo significa prestar atenção no esforço, na estratégia, no foco, na perseverança e na melhoria, criando uma maior resistência aos obstáculos que possam surgir no caminho.

Então, retomando o exemplo que dei mais acima, em vez de dizer “eu não sou capaz”, posso dizer “eu ainda não sou capaz”.

Esta pequena palavra tem um enorme impacto no nosso pensamento e permite expandir a nossa mentalidade.

“Ainda” não ser capaz de fazer algo, significa que um dia eu vou ser capaz. Não é agora, não existe essa pressão. Mas eu vou lá chegar. E desta forma, passar da minha zona de conforto para a minha zona de desafio tem uma transição muito mais suave.

(Des)Construir Mentalidades: aceitar o fracasso

Sempre que te permites fazer uma nova experiência e sair da tua zona de conforto, o cérebro cria novas conexões, mais profundas e mais fortes. O cérebro torna-se mais esperto.

A paixão por te desafiares constantemente e manteres-te nesse caminho, mesmo quando as coisas não correm bem (sobretudo nessas alturas!), é a atitude que te vai permitir prosperar mesmo durante os períodos mais desafiantes da tua vida.

Não significa isto que não existe fracasso. Simplesmente, quando adotas uma mentalidade de crescimento percebes que o fracasso, apesar de poder ser uma experiência dolorosa, não te define.

O fracasso não significa “eu falhei”. Significa “eu ainda preciso de aprender mais qualquer coisa acerca disto”.

Ao adotares este tipo de pensamento passas também a estar numa posição de curiosidade, em vez de um estado de medo que te pode paralisar e impedir de avançar com as tuas ações.

Encara os desafios na perspetiva de “onde é que isto me vai levar?”, “o que é que eu vou aprender com esta nova experiência?”

A melhor forma de aprendizagem é nutrires uma profunda curiosidade pelos desafios, em vez de receares o que daí possa vir.

[ Aproveita para ler o artigo Curiosidade: a semente da criatividade. ]

(Des)Construir Mentalidades: acredita no teu potencial

Já estiveste numa situação em que te deram feedback sobre o teu potencial e tu só pensavas: “mas eu não sou nada assim?”

Quando várias pessoas à tua volta dizem que te veem de certa forma em que tu não te consegues visualizar, significa que estás desconectada da tua essência.

Algo te impede de te veres tal como os outros te vêm. Existe por aí alguma crença enraizada que limita a forma como tu vês o teu potencial.

Tomar consciência desta limitação é o primeiro passo para a mudança.

O segundo passa por olhares para as tuas habilidades, as tuas qualidades e as tuas competências e repensares as mesmas à luz daquilo que os outros percecionam.

As pessoas dizem que tu és uma pessoa forte, mas tu sentes-te inferior e desvalorizado?

Então podes precisar de trabalhar a tua autoconfiança e autoestima.

Até que ponto estás disposto a trabalhar essa qualidade e encarar os desafios que daí possam vir, vai revelar a atitude mental em que estás sintonizado e, em última análise, afetar profundamente a forma como estás a viver a tua vida.

À medida que fores tomando consciência dos teus pensamentos e das tuas crenças, torna-se mais fácil compreender as diferenças entre uma mentalidade fixa e uma mentalidade de crescimento e como tudo isto está interligado.

A crença de que as tuas qualidades são imutáveis conduz a determinados pensamentos e ações, enquanto que, a crença de que as tuas habilidades podem ser cultivadas leva a um conjunto de pensamentos e ações completamente diferentes, o que te conduz a caminhos e resultados totalmente distintos.

  • Transforma as tuas crenças;
  • Aceita o fracasso;
  • Encara os desafios com curiosidade;
  • Descobre as qualidades que te limitam e como podes aumentar o teu potencial;
  • Rodeia-te de pessoas que te possam ajudar a crescer.

São estes os segredos para uma mentalidade de crescimento.

Seguimos juntos!

Créditos da imagem: Foto de Singkham no Pexels
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