Criar o meu próprio negócio… será que também tens esse bichinho?
Poderes gerir o teu tempo, trabalhar naquilo que gostas, a partir de qualquer lugar e a conseguir viver do teu negócio, com estabilidade financeira?
Sei perfeitamente como te sentes.
Mas também sei a diferença que existe entre esse lugar maravilhoso que imaginamos e a realidade nua e crua com que temos de lidar até lá chegar.
É por isso que costumo dizer que, da ideia ao negócio, existe um longo percurso de montanhas e vales que é preciso ultrapassar. Não vale a pena ter a ilusão de que o sucesso vai vir da noite para o dia.
Agora, é certo que, com mais ou menos trabalho, mais ou menos desafios, existem alguns passos que podes seguir para garantir que este caminho começa da melhor forma: com o foco certo, uma estratégia delineada e um bom plano de ação.
A pensar nisto e com base na minha própria jornada, reuni 7 passos que considero essenciais para criares o teu próprio negócio.
1. Define o teu farol
O teu farol é aquilo que vai guiar-te sempre, desde este momento em que tens vontade de empreender até ao momento em que já tens o teu negócio e estás a viver dele.
O teu farol é o teu “porquê”:
Porque é que queres criar o teu próprio projeto?
Atenção que a resposta pode ser bem mais profunda do que imaginas.
- Se queres criar um projeto para teres mais tempo: esse tempo é para quê? O que é que queres fazer com esse tempo? Como é que te vais sentir quando tiveres esse tempo extra?
- Se queres fazer um trabalho com o qual te identificas: que tipo de trabalho é esse? O que é preciso para sentires esse alinhamento? O que vais conseguir alcançar ao fazer esse trabalho?
O teu farol é aquilo que te move, a causa que te inspira, o motivo pelo qual vais fazer tudo aquilo que te propões fazer.
É aquilo que te vai dar forças quando estás perante obstáculos e aquilo que te vai guiar quando precisas de fazer escolhas difíceis.
É a motivação extra. O teu maior desejo. O teu propósito ao empreender. Por isso, tira algum tempo para refletir e responde à pergunta: “Quero criar o meu próprio negócio porque…”
> Aproveita para ler o artigo: 5 Lições do livro “Primeiro Pergunte Porquê” de Simon Sinek
2. Analisa se tens aquilo que é preciso
Muitas pessoas gostariam de ter o seu negócio. Muitas outras já tentaram e não foram bem sucedidas.
Porquê?
Se por um lado isto pode ter a ver com fatores que não controlamos, como as circunstâncias do mercado em que se atua, por outro lado, pode ter a ver com as capacidades da própria pessoa.
Características como resiliência, persistência, autonomia, disciplina e proatividade são fundamentais para garantir que conseguimos criar o nosso projeto.
É preciso saber lidar com a incerteza, ser capaz de tomar decisões, arriscar e até errar para depois voltar a tentar.
Se algumas pessoas já estão mais predispostas para iniciar este caminho, outras nem tanto.
Mas a boa notícia é que tudo isto pode desenvolver-se, inclusive à medida que vamos construindo o nosso projeto.
Uma boa forma de analisares se tens aquilo que é preciso é fazeres uma análise SWOT à tua pessoa, onde irás explorar as tuas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças.

> Aproveita para ler o artigo: Será que tens o que é preciso para ser empreendedor? Parte 1 e Parte 2
3. Constrói a tua proposta de valor
Quer queiras criar um produto ou um serviço, uma coisa é certa: tens de garantir que as pessoas o vão querer comprar.
Por isso, antes de pensares nesse produto ou serviço, tens de identificar qual é o problema que te propões resolver.
Talvez não seja especificamente um problema, mas uma necessidade que não está satisfeita, uma lacuna no mercado, ou talvez melhorar algo que já existe.
Não precisas inventar a roda, mas é preciso garantir que vais ao encontro de algo que as pessoas precisam / querem / desejam.
Depois de identificares a oportunidade de negócio, define a solução que vais entregar (o teu produto ou serviço) e qual é o benefício que essa solução vai proporcionar (o resultado final).
Com estes 3 elementos definidos – problema, solução, resultado – já terás construído a tua proposta de valor e podes resumir numa frase, porque é que o teu cliente deve comprar o teu serviço / produto.
Por exemplo:
Já tiveste uma ideia e não soubeste como transformá-la em realidade? (problema) Eu ajudo-te a desbloquear os primeiros passos através de acompanhamento individual (solução) de forma a sentires confiança e motivação para construíres a vida que queres ter. (resultado)
4. Estuda o teu Cliente ideal
Neste passo vais definir para quem queres falar, com quem te queres relacionar e a quem vais vender: a tua persona.
A persona é um personagem criado com base nas características que representam o teu cliente ideal e é fundamental para conseguires desenhar uma estratégia de marketing e comunicação eficaz.
Para desenhar esta persona deves pensar em aspetos como:
- Caracterização sociodemográfica (idade, género, estado civil, situação profissional, onde vive, rendimento, status social, etc.)
- As suas necessidades e os seus desejos;
- As suas dificuldades e receios;
- Os seus hábitos de consumo.
Para criar este personagem, pensa em alguém conhecido que identifiques com o perfil de cliente ideal e até podes reunir com essa pessoa e fazer um breve questionário para responder às questões acima.
Nota que, ao trabalhares com empresas também deverás estudar o perfil da empresa com a qual queres colaborar (setor de atividade, dimensão, cultura organizacional, etc.)
4.1. Define um Nicho e Sub-nicho
Além de definires a tua persona, aquela personagem para quem tu vais estar a comunicar, é importante definires o nicho de atuação e, se possível, um subnicho.
No fundo, aquilo que vais fazer é uma segmentação ainda maior do mercado para garantir que a tua mensagem é direcionada às pessoas certas.
Desta forma não perdes energia ao comunicares com pessoas que não estão interessadas no teu produto ou serviço.
Como? Define a tua área de atuação, de acordo com o assunto que queres tratar e depois pensa num assunto ainda mais específico dentro dessa área.
Por exemplo, o teu nicho pode ser “saúde”. Dentro da saúde, queres explorar o “emagrecimento”. Dentro do emagrecimento, queres trabalhar especificamente o tema “emagrecer sem precisar de fazer exercício físico” – aqui tens o teu subnicho.
5. Estrutura o teu projeto
Com os elementos que já identificaste até aqui é altura de estruturares o teu projeto.
Dependendo do negócio que pretendes criar, poderás precisar de um plano de negócios mais completo e tradicional (que envolve mais detalhe e informação financeira no caso de precisares de investimento) ou de um modelo de negócios mais simples, com base no modelo Canvas.
O modelo Canvas consiste na representação gráfica de um modelo de negócios dividido em nove blocos que abrangem os pontos-chave do negócio em duas grandes dimensões:
1. Mercado: onde se definem os clientes e a proposta de valor;
2. Operacionalização: onde se analisa a capacidade de execução.
> Lê este artigo para mais detalhes: Fazer um Plano de Negócios ou um Modelo de Negócios
6. Faz a tua primeira experiência
Poderia dizer-te aqui para fazeres um estudo de mercado, ou um benchmarking como os marketeers dizem, mas acho esta abordagem mais prática e com resultados mais imediatos, pelo menos, numa fase inicial.
Trata-se de fazeres uma experiência real com aquele que consideras o teu produto mínimo viável.
Ou seja, imagina que queres construir um negócio de formação: o teu produto será um curso de 12 meses.
O produto mínimo viável poderá ser um workshop de 3 horas sobre o tema em que pretendes dar formação para analisar o interesse de potenciais clientes.
Esta experiência permite-te testar o produto ou serviço que queres criar, com um investimento mínimo (de tempo e dinheiro), de forma a fazeres os ajustes que forem necessários à tua oferta.
7. Desenha um plano de ação
Já criaste o teu modelo de negócio e fizeste a primeira experiência. Daqui terão surgido melhorias ou ajustes a fazer àquilo que imaginaste idealmente, é altura de criares um plano para definir os próximos passos.
Este plano irá depender muito da especificidade do teu negócio e dos objetivos que pretendes atingir.
Por exemplo, se queres começar já a comunicar o teu produto ou serviço, o próximo passo será criar um plano de comunicação, em que decides os canais em que vais comunicar e o tipo de conteúdos, e criar os canais em si (site, redes sociais, newsletter, etc.).
Se percebeste com a tua experiência que ainda precisas de conhecer melhor o teu cliente, o próximo passo poderá ser aprofundar a pesquisa sobre o cliente ideal e desenhar uma oferta que vá ao encontro das suas necessidades.
Alguns objetivos estruturais que deves considerar a curto prazo:
- Definir a estratégia da marca (propósito, visão, missão e valores);
- Desenhar o modelo de negócio (para garantir sustentabilidade financeira);
- Definir objetivos, metas e indicadores;
- Desenhar a identidade da marca (verbal e visual);
- Construir o plano de comunicação e marketing;
- Definir uma estratégia de networking e parcerias.
Ao definir os próximos passos desconstrói grandes objetivos em pequenas tarefas e para cada uma delas responde às seguintes questões:
- O quê?
- Como?
- Quando?
Espero que este artigo te tenha ajudado a delinear os principais passos para criares o teu próprio negócio.
Se ficaste cheio de vontade de tirar da gaveta as tuas ideias e projetos, vê aqui como posso ajudar-te!
Seguimos juntos!
Créditos da imagem: Tatiana Syrikova