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Quando falamos em insatisfação ou descontentamento, geralmente associamos algo negativo.

Porém, tal como as emoções, a insatisfação tem características negativas e positivas.

Seja a nível pessoal, profissional ou até ao nível de relacionamentos, quando não nos sentimos satisfeitos com algo, devemos ser curiosos e procurar o verdadeiro motivo que causa esse descontentamento.

É o gatilho perfeito para nos chamar a atenção: “o que é que está a acontecer no meu mundo, neste momento, que me leva a sentir desta forma?

A insatisfação como combustível

Se conseguirmos compreender a causa da insatisfação e agirmos de forma a criar a mudança necessária para nos sentirmos bem, então a insatisfação surge como um catalizador positivo para a ação.

Há uns tempos li uma entrevista ao Diretor de uma empresa que dizia o seguinte:

«Achas que a insatisfação é um combustível?
Para mim é. E defendo isso a 200%.
(…)
Enquanto não encontras aquilo que te dá verdadeiro prazer a fazer, é normal que estejas insatisfeito.
É normal que, nos primeiros tempos numa empresa, tudo é novidade e estejas bem. Uma pessoa com o meu perfil, quando percebe que já não é novidade e já não consegue extrair muito mais, decide mudar.
(…)
O salta-pocinhas tem um desafio tremendo, que é ter que estar a explicar porque é que está constantemente a mudar.
»

Surpreendeu-me ouvir esta história que, à semelhança da minha, inclui várias mudanças profissionais e pouco tempo em cada uma das experiências, motivadas sobretudo por chegar a momentos em que não se sente satisfeito, porque já não existe novidade.

A insatisfação, dizia este Diretor, é um bom combustível, pois leva-o a procurar novos desafios e a não acomodar.

Percebi perfeitamente o que ele quis dizer quando o chamam de “salta-pocinhas” e a dificuldade que existe nas pessoas perceberem que a mudança, não tem de ser uma coisa má, nem implica falta de estabilidade.

Implica, isso sim, autoconhecimento, muito diálogo interno, por vezes um grande par de tomates para avançar com as decisões e muita vontade de arregaçar as mangas para ser protagonista da sua própria vida.

A insatisfação como um travão

É claro que, na outra perspetiva, a insatisfação pode conduzir a estagnação e frustração.

Se o indivíduo não fizer este processo de autoexploração e simplesmente ignorar o estado de descontentamento, optando por se distrair, por exemplo, com a televisão ou as redes sociais, nunca irá avançar com a mudança.

Por outro lado, se de cada vez que se sente insatisfeito, procura mudança, sem refletir sobre o que está na sua origem, a frustração de tudo se manter na mesma vai aumentar, até ao dia em que perceber que existe um padrão nas suas experiências e que precisa de fazer algo diferente para obter resultados diferentes.

Como transformar a insatisfação

Na edição deste ano da TEDxULisboa escutei uma talk sobre o tema: “Tudo o que sabemos sobre o descontentamento está errado” (minuto 25:48).

A oradora, Jessica Bronze, defende que o descontentamento é necessário para o progresso, dando o exemplo de algumas revoluções que ocorreram ao longo da história, necessárias para causar mudanças positivas na sociedade.

Através de um inquérito realizado a cerca de 198 pessoas, os resultados foram ao encontro daquilo que se esperava:

61% indicou encarar a insatisfação como negativa,
enquanto 84% encara a satisfação como algo positivo.

Mas para Jessica Bronze, esta perspetiva está errada e é limitadora do nosso crescimento.

Não podemos ser uma versão melhor mantendo tudo na mesma.

A insatisfação é essencial para nos mostrar que existe mais para além daquilo que somos hoje, responsável por nutrir as nossas aprendizagens, as nossas mudanças, os nossos sonhos.

Sugere então um processo para utilizar a insatisfação em direção a uma mudança positiva: a “escada da mudança“, realçando que cada degrau deve ser subido a seu tempo, para uma mudança sólida.

Um passo de cada vez.

Inspirado no modelo “Escada da Mudança” de Jessica Bronze

A nível pessoal, já me apontaram muitas vezes o dedo por ser uma pessoa insatisfeita.

A verdade é que nunca me acomodei a nenhuma situação na qual não me sentisse bem, por isso, sinto-me muito melhor com dedos apontados do que com a minha consciência pesada por não seguir o meu caminho.

Sim, para mim, a insatisfação é sem dúvida um combustível e um verdadeiro despertador para a necessidade de novos desafios e novidade.

E para ti, como sentes a insatisfação: combustível ou travão?

Seguimos juntos!

Créditos da imagem: Foto de Jens Johnsson no Pexels

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